quinta-feira, 3 de novembro de 2016

O Império Celta

By: Peter Berresford Ellis

«Os Celtas foram o primeiro povo europeu a norte dos Alpes a emergir nos registros da História. Num determinado período de tempo, dominaram o Mundo Antigo desde a Irlanda, a oeste, até à Turquia, a leste, à Bélgica, a norte, e à Espanha e Itália, ao sul. Fizeram inclusive sentir a sua presença no Egito dos faraós ptolomaicos, onde tentaram, de acordo com um antigo historiador, um golpe de Estado para ganhar controle sobre o país. Saquearam Roma, invadiram a Grécia e destruíram todos os exércitos que as cidades estatais da Grécia lhes podiam enviar. As suas armas sofisticadas e as suas possantes quadrigas devastaram todos os adversários.
De acordo com Tito Lívio (59 a.C. – 17 d.C.), na altura em que Tarquínio, o Soberbo, era Rei de Roma (c. 534 – 508 a.C.), Ambigatos dos Bitúriges regia um Império Celta «tão abundante em homens e frutos da terra que parecia impossível governar uma população tão grandiosa». Esta afirmação, segundo a opinião do acadêmico Dr. Eoin Mac Neill (Phases of Irish History, 1919), era a base de muitos dos escritos dos historiadores do séc. XIX que se dedicaram ao estudo do “Império Celta” na Antiga Europa.
Eu escolhi o título "O Império Celta" para esta narrativa de forma um tanto ou quanto jocoso. Qualquer semelhança a um império, tal como o conhecemos, como o Império Romano ou outros exemplos mais recentes, é de facto ilegítima. Nele não despontam conhecidas e sustentáveis séries de imperadores celtas, detentores de supremo e extensivo domínio político sobre numerosos súbditos. Contudo, eu creio que há uma justificação para o meu controverso título, como será demonstrado neste livro, na medida em que, durante o período da expansão celta, as tribos celtas e suas confederações de tribos se espalharam pelo Mundo Antigo, desafiando todos os que se lhes opunham e fixando-se como povo dominante nas áreas que conquistavam.
Desta forma expandiram-se até à Península Ibérica, ao norte de Itália, a este, no que é hoje território checo, ao longo do vale do Danúbio até ao Mar Negro, deslocando-se para a Ásia Menor onde instauraram o Estado da Galácia no século III a.C., Estado esse que nos facultou as primeiras informações acerca das instituições políticas celtas.
O Império Celta não é apenas mais uma obra sobre os aspectos linguísticos, culturais ou sociais dos primórdios da sociedade celta. Nos anos mais recentes têm aparecido variados estudos (uns bons, outros maus) que abordam estes pontos de vista. No entanto, tem-se verificado uma singular falta de pesquisa histórica sobre os povos celtas no Mundo Antigo que se possa considerar como dirigido a um público leitor geral. A maioria dos povos da antiguidade tem sido protagonista e tema de compêndios históricos generalizados ou generalistas, como os Gregos, os Fenícios, os Etruscos, os Cartagineses e os Romanos. Seria por isso tempo de ser atribuído aos Celtas tal registo e este volume é uma tentativa de colmatar essa necessidade.»

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