quinta-feira, 24 de novembro de 2016

"Jesus motociclista"


Jesus motociclista


Texto por: Carlos Magno Sena - Cantor


             Se no tempo em que Jesus andou pela Palestina, existisse motocicleta, óleo 40 e gasolina, com certeza ele teria uma, toda envenenada, toda fina...talvez uma Harley, uma Suzuki, mas pelo que parece, pelas teias que a historia tece, talvez uma moto humilde, sem atrativos demais, para melhor combinar com sua filosofia de humildade, amor e paz.

            E Jesus seguia sua sina, de moto pela Palestina, para desespero de seu pai, o tal Jose carpinteiro, que gritava o dia inteiro : - Menino , pára com isso! Motocicleta é perigoso, tu pode se machucar! Esse bicho é muito bravo, pode até te matar! E o povo precisa de Ti, para poder se salvar! No que Jesus respondia, enquanto suavemente ria : - Esquenta não, Pai  José, que não me acontece nada! Essa moto é abençoada, ela não estraga á toa, e na hora do perigo, ela voa!!

            Tudo na vida tem hora, tem tempo e tem vez, e como o tempo não pára, Jesus chegou aos 33. Tinha uma sina a cumprir, não havia como fugir. Subiu em sua moto, foi pro deserto meditar, acelerou na areia, com o diabo a espreitar. Satanás tentou de tudo, para nosso Messias desvirtuar. Jesus não recuou nem um pé, como um homem de verdade faz, acelerou a moto na cara de Satanás, que saiu apavorado...gritando feito um tresloucado – Posso até ser malvado, mas não sou desmiolado! Com esse motociclista, até eu saio da pista!

            Jesus voltou triunfante, em sua moto abençoada, “milagreando” a quem quisesse, saudando a criançada. Entrou na Palestina, com mais de mil motos atrás, despertou a inveja dos homens, que só comentavam por trás : - Quem é esse cabeludo, com essa moto abençoada? Ele está criando balbúrdia, ta criando revolução, agitando a multidão! Pôncio Pilatos vai saber...antes do pior acontecer...

            Delataram Jesus a Pilatos, que chamou o motociclista. – Que tipo de Rei é você? Cabeludo e numa moto a andar? Ta criando revolução ? Ta querendo a massa agitar? Por que essa agitação?



            Na verdade o que acontecia, e que não se esclarecia, era que Pilatos, a fera, motociclista não era. Vivia trancafiado em seu castelo mofado, muito sem graça vivia, assinando papel todo dia, numa eterna burocracia. Ser livre era o que ele queria, mas por força do destino não podia. Pilotar moto era o que ele queria. Lavou suas mãos, e  então, jogou nosso Messias nas mãos da multidão. Um pobre povo infeliz, que labutava dia a dia, para da triste vida tirar o seu sustento, sem nunca ter tido o moto, nem sentido na cara o vento. Quem não era motociclista gritava : - CRUCIFICA! CRUCIFICA! 

            Pregaram Jesus na cruz, as motos silenciaram... três dias depois na sua tumba, nem capacete acharam...o resto da história, todos sabendo ficaram...
            Ele disse que vai voltar, com sua moto abençoada, vai descer aqui na terra, por ordem na porcariada, consertar tudo que o homem fez, pois 90 % é cagada : fome miséria, guerra, crime e gente sem terra. E quando Ele voltar, vai fazer um mundo melhor, um mundo onde carros e motos convivam em harmonia, onde vai ter encontro, churrasco e viagem em qualquer dia. Um mundo de duas, três ou quatro rodas, não importa, o que será importante na ocasião, é irmão abraçar irmão.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

O Império Celta

By: Peter Berresford Ellis

«Os Celtas foram o primeiro povo europeu a norte dos Alpes a emergir nos registros da História. Num determinado período de tempo, dominaram o Mundo Antigo desde a Irlanda, a oeste, até à Turquia, a leste, à Bélgica, a norte, e à Espanha e Itália, ao sul. Fizeram inclusive sentir a sua presença no Egito dos faraós ptolomaicos, onde tentaram, de acordo com um antigo historiador, um golpe de Estado para ganhar controle sobre o país. Saquearam Roma, invadiram a Grécia e destruíram todos os exércitos que as cidades estatais da Grécia lhes podiam enviar. As suas armas sofisticadas e as suas possantes quadrigas devastaram todos os adversários.
De acordo com Tito Lívio (59 a.C. – 17 d.C.), na altura em que Tarquínio, o Soberbo, era Rei de Roma (c. 534 – 508 a.C.), Ambigatos dos Bitúriges regia um Império Celta «tão abundante em homens e frutos da terra que parecia impossível governar uma população tão grandiosa». Esta afirmação, segundo a opinião do acadêmico Dr. Eoin Mac Neill (Phases of Irish History, 1919), era a base de muitos dos escritos dos historiadores do séc. XIX que se dedicaram ao estudo do “Império Celta” na Antiga Europa.
Eu escolhi o título "O Império Celta" para esta narrativa de forma um tanto ou quanto jocoso. Qualquer semelhança a um império, tal como o conhecemos, como o Império Romano ou outros exemplos mais recentes, é de facto ilegítima. Nele não despontam conhecidas e sustentáveis séries de imperadores celtas, detentores de supremo e extensivo domínio político sobre numerosos súbditos. Contudo, eu creio que há uma justificação para o meu controverso título, como será demonstrado neste livro, na medida em que, durante o período da expansão celta, as tribos celtas e suas confederações de tribos se espalharam pelo Mundo Antigo, desafiando todos os que se lhes opunham e fixando-se como povo dominante nas áreas que conquistavam.
Desta forma expandiram-se até à Península Ibérica, ao norte de Itália, a este, no que é hoje território checo, ao longo do vale do Danúbio até ao Mar Negro, deslocando-se para a Ásia Menor onde instauraram o Estado da Galácia no século III a.C., Estado esse que nos facultou as primeiras informações acerca das instituições políticas celtas.
O Império Celta não é apenas mais uma obra sobre os aspectos linguísticos, culturais ou sociais dos primórdios da sociedade celta. Nos anos mais recentes têm aparecido variados estudos (uns bons, outros maus) que abordam estes pontos de vista. No entanto, tem-se verificado uma singular falta de pesquisa histórica sobre os povos celtas no Mundo Antigo que se possa considerar como dirigido a um público leitor geral. A maioria dos povos da antiguidade tem sido protagonista e tema de compêndios históricos generalizados ou generalistas, como os Gregos, os Fenícios, os Etruscos, os Cartagineses e os Romanos. Seria por isso tempo de ser atribuído aos Celtas tal registo e este volume é uma tentativa de colmatar essa necessidade.»

terça-feira, 1 de novembro de 2016

O amor tem um limite que se chama dignidade.

O amor sempre terá um limite: a dignidade. 
Porque o respeito que cada um de nós temos por nós mesmos tem um preço muito alto e jamais irá aceitar cortes para saciar um amor que não é suficiente, que machuca e nos deixa vulneráveis.
Dizia Pablo Neruda que o amor é curto e o esquecimento é muito longo. Mas no entremeio sempre há aquela “luz de vagalume” que se acende de forma natural nas noites escuras para nos indicar onde é o limite, para nos lembrar que é melhor um esquecimento longo do que uma grande tormenta na qual acabamos vendendo a nossa dignidade.
Às vezes o melhor remédio é esquecer o que se sente para recordar o que valemos. Porque a dignidade não deve ser perdida por ninguém, porque o amor não se roga nem se suplica, e embora nunca se deva perder um amor por orgulho, também não se deve perder a dignidade por amor.
Acredite ou não, a dignidade é esse elo frágil e delicado que tantas vezes comprometemos, que pode romper e desfazer as ligações dos nossos relacionamentos amorosos. Há muitas ocasiões em que cruzamos essa fronteira sem querer até nos deixarmos levar por alguns extremos nos quais nossos limites morais tornam-se fracos, pensamos que por amor tudo vale a pena e que qualquer renúncia é pouca.
Porque o amor e a dignidade são duas correntes em um oceano convulso, no qual até mesmo o marinheiro mais experiente pode perder o rumo.

O orgulho e a dignidade do amor próprio

Muitas pessoas costumam dizer que o ego alimenta o orgulho e o espírito alimenta a dignidade. De qualquer forma, estas duas dimensões psicológicas são duas habitantes cotidianas das complexas ilhas de relacionamentos amorosos, que às vezes costumam ser confundidas.
O orgulho, por exemplo, é um inimigo bem conhecido que costuma ser associado ao amor próprio. No entanto, ele vai um passo além, pois o orgulho é um arquiteto especializado em levantar muros e cercas nos nossos relacionamentos, em decorar cada detalhe com arrogância e em encontrar o vitimismo em cada palavra. Apesar de todos estes atos destrutivos, o que realmente está mascarado é uma baixa autoestima.
Enquanto isso, a dignidade é justamente o contrário. Ela age o tempo todo a ouvir a voz do nosso “eu” para fortalecer o ser humano mais belo, o respeito por nós mesmos sem esquecer o respeito pelos outros. Aqui o conceito do amor próprio adquire o seu pleno significado, pois se alimenta dele para se proteger sem prejudicar os outros: sem causar efeitos “colaterais”, mas validando em todos os momentos a própria autoestima.

A dignidade tem um preço muito alto

A dignidade não se vende, nem se perde nem se presenteia. Porque uma derrota a tempo sempre será mais digna do que uma vitória se conseguirmos sair “inteiros” dessa batalha, com o queixo erguido, o coração inteiro e uma tristeza que vai acabar renovando as esperanças.

As pessoas costumam pensar que não há nada pior do que ser abandonado por alguém que amamos. Não é verdade, o mais destrutivo é se perder amando quem não nos ama.

No amor saudável e digno não se encaixam martírios ou renúncias, aquelas em que dizemos que vale tudo só para estarmos ao lado do ser amado. Não adianta nos posicionamos à sua sombra, onde já não irão mais restar dias ensolarados para o nosso coração nem estímulos para as nossas esperanças.
Por isso, e para evitar cair nestas correntes emocionais convulsivas, vale a pena refletir sobre as seguintes questões, que sem dúvida podem nos ajudar:
  • Nos relacionamentos amorosos os sacrifícios têm limites. Não somos obrigados a responder a todos os problemas do nosso parceiro/a, a oferecer ar sempre que ele/a quiser respirar, nem a apagar a nossa luz para que a dele/a brilhe. Lembre-se de onde está o verdadeiro limite: na sua dignidade.
  • O  amor se sente, se toca e se cria todos os dias. Se não percebermos nada disto, pedir não vai adiantar nada, assim como não adianta esperarmos sentados que aconteça um milagre que não tem sentido. Assumir que já não somos amados é um ato de valentia que vai evitar que fiquemos à deriva em situações delicadas e destrutivas.
  • O amor jamais deverá ser cego. Por muito que se defenda esta ideia, é necessário lembrar que sempre será melhor se oferecer a alguém com os olhos bem abertos, o coração entusiasmado e com a dignidade muito alta. Só então seremos autênticos arquitetos destas relações dignas que valem a pena, onde pode-se respeitar e ser respeitado, criar todos os dias um ambiente saudável onde nem “tudo vale”, sem jogos de poder nem sacrifícios irracionais.


A dignidade é e será sempre o reconhecimento de que somos merecedores de coisas melhores, porque sempre será melhor uma solidão digna do que uma vida de carências, do que relacionamentos incompletos que nos fazem acreditar que somos atores secundários no teatro da nossa existência. Não permita isso, não perca a sua dignidade por ninguém.

Estrada é a meta!

Estrada é a meta!