domingo, 4 de janeiro de 2009

Era uma vez em Dijon, Borgonha ...


Tudo começou com a ideia de trabalhar na colheita da uva e fazer uma grana extra.
Nesta época, eu morava em Paris e trabalhava para um Antiquário Frances.
Ficamos com pouco trabalho nesse período, por ser férias na Europa, então resolvemos fazer uma viagem.

Tinha um amigo, que conheci numa situação curiosa,
Mas esta será uma outra história.


Sempre que encontrávamos trabalho, procurávamos nos ajudar, fazendo que o outro também viesse a trabalhar. Dava certo muitas vezes!

Aconteceu na França, na Inglaterra, na Itália...
Quase sempre em datas diferentes, o importante é que funcionava!
Eu passava meu trabalho, ele me dava o dele e assim conhecíamos a Europa... Conhecendo lugares e pessoas da região... Com essa ideia...
Resolvemos ir a capital da gastronomia francesa, Dijon na Borgonha.


A cidade também é conhecida por ser a porta de entrada das vinícolas da região. Local perfeito pra se conseguir trabalho na colheita da uva, além de ser o lugar mais apropriado pra se beber um bom vinho francês.
Adorava beber e um bom vinho na época não era diferente!!!
Tudo, todas as possibilidades foram pensadas.
Era fins de setembro, a colheita normalmente se iniciava no inicio de outubro.
O tempo estava propício para irmos.

Meu amigo tinha uma pequena barraca de camping, levamos pra qualquer eventualidade.
Pegaríamos o TGV, (trains à grande vitesse), ou seja trens de grandes velocidades. O percurso de Paris à Dijon, levaríamos aproximadamente 2 horas de viagem, apesar dos 400 kms de distância.

A tarifa era acessível, então, porque não ?
Auto-confiança e sonhar é permitido,
Trabalho farto para o período,
Acomodação em vinícolas,
Alimentação paga pelo empregador...

Fé em Deus, e... vamos lá... tudo certo... então fomos!

Só tivemos uma surpresa ao chegar lá.

A forte onda de calor na Europa naquele ano, causou um atraso no início da colheita.
E agora ? O que íamos fazer ?
Nossa grana era pouca pra ficar sem trabalhar.

Alguns otimistas, diziam que o Governo liberaria a colheita em uma semana, mas os pessimistas não faziam o mesmo cálculo... Apostavam para novembro...

Ficaríamos mais de um mês na cidade sem trabalhar?
O que fazer então ? A beleza da cidade nos encantou...

Encontramos um camping próximo a cidade e tinha um preço razoável. Pagamos por uma semana, e ali ficamos.
Tínhamos acomodação e banho.
Era período de férias na Europa mesmo.
Havia muita gente acampando.
Imaginamos que não seríamos percebido se ficássemos mais tempo. Foi o que aconteceu...
Não nos notaram, até meados de outubro quando os turistas voltavam pra suas casas...

Claro que nossa grana já havia acabado, há mais de uma semana... comprávamos pão e patê em supermercados e, fazíamos nossos próprios lanches e refeições...

                                                                                                          
A cidade é muito bonita! Casas antigas com telhas coloridas, além de ter bons parques e praças.


Fizemos amizades com os imigrantes portugueses. Algumas vezes nos pagavam um café, um croissant, coisinhas assim...
Íamos vivendo e, desta forma, passando os dias.
Dias alimentados, outros nem tanto, mas sempre com bom humor... ríamos da situação... sabíamos que seria mais uma aventura temporária, por pouco tempo...

Mas os dias foram passando, e nada de trabalho, tão pouco colheita de uva.
Saíamos muito cedo do camping, voltávamos tarde para não sermos vistos, e claro, cobrados pela estadia...

Ficávamos muito tempo na rua e fizemos boas amizades...
Turistas já nos perguntavam informações locais a serem visitados, os moradores, já estavam se acostumando com nossa presença pela cidade, falávamos mais de um idioma, isto facilitava muito...
Conhecíamos outros países, tínhamos um bom papo...

Os cachorros de rua sempre nos viam por ali também, dividíamos o nosso pouco pão com eles... Logo ficaram nossos amigos... Irônico e triste ao mesmo tempo!

Meu amigo não aguentou muito a dura situação, pensava na namorada e no conforto de seu "Studio" já pago, que ele tinha em Paris... resolveu voltar e, eu fiquei sozinho em Dijon.
Tal decisão não foi ruim, pois sozinho, passei a acompanhar os turistas e foi óbvio: fiz excelentes passeios!

A Fé e Esperança de trabalho que me mantiveram em Dijon, me presentearam...


Cheguei a voar de Balão pelos céus da cidade e, nada, nada até hoje, chega a se comparar a vista maravilhosa que tive de região...

A Borgonha, me mostrou e me tocou na alma...

Uma das imagens mais lindas que guardo na memória...
Se um dia você for a até lá, não deixe de fazer este tour...
Sei que todas as necessidades que vivi, que passei neste período foi recompensada...




No vento e no silêncio do vôo...
Na paz daquela altitude...
Pude sentir a uma pequena parte...
Uma pequenina parte da...
Obra Prima da Criação de DEUS !!!

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